quarta-feira, 30 de julho de 2008

abrigos temporários

Apesar de não fazer parte da minha proposta inicial de investigação, não pude deixar de abordar a questão da recolocação dos refugiados que está a decorrer em Díli.
em campos no centro da cidade. Aconteceu um êxodo em massa dentro da mesma cidade. As pessoas fugiram dos seus bairros e procuraram abrigo nos campos localizados em diferentes pontos da cidade, no centro, no aeroporto, etc.
Após 2 longos anos de grande instabilidade politica, está agora a decorrer o encerramento dos campos e as pessoas estão a ser acompanhadas no regresso a casa.
No entanto, nem toda a gente pode regressar a casa. Muitas famílias não podem e não querem regressar por questões de segurança. Para estes casos de difícil resolução o Governo aceitou a intervenção da ONG Norwegian Refugee Council (NRC) e disponibilizou vários terrenos para a construção de “abrigos temporários”. O NRC foi responsável pela construção de cerca de 600 abrigos e está preparar a construção de mais 500. Os abrigos pretendem-se efectivamente temporários e esta condição é sempre muito difícil de concretizar; por um lado há que construir um abrigo condigno capaz de responder às necessidades de protecção, segurança e privacidade dos utentes, por outro estas construções para serem de facto temporárias não podem ter o conforto e a dimensão de uma habitação permanente… esta dicotomia é muito difícil de concretizar, levanta tantas questões e normalmente não reúne consensos. É neste contexto que foram construídos os abrigos temporários em Díli.
A maior parte dos terrenos que o governo disponibilizou já se encontravam edificados com estruturas por reabilitar e foram recuperadas na forma de abrigos temporários. O NRC fez um trabalho interessante na reconversão tipológica dos velhos edifícios e na recuperação de alguns materiais e técnicas construtivas locais nas novas construções.
Cada abrigo e constituído por um espaço de 16m2, que pode ser subdividido pelos os utentes com materiais leves e de fácil construção.
A distribuição dos abrigos por número de pessoas também foi controversa e o governo acabou por estabelecer que seria atribuído um abrigo por família. Ora em Timor-Leste a média de filhos por casal é de 7, ou seja, no mínimo cada abrigo de 16 m2 alojará 9 pessoas!
Cozinhas e casas-de-banho foram construídas em volumes autónomos em pontos de acesso comum.
Na visita que fiz a estes campos fiquei impressionada com a rápida apropriação e adaptação que as pessoas fazem no seu espaço de habitar. Felizmente a imaginação não tem limites e já se encontrem extensões de alpendres, construções de pequenas bancas de venda, etc.

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