quinta-feira, 10 de julho de 2008

6 de julho

Depois de duas noites em Galle, na companhia da Alessandra e de alguns dos seus amigos, voltámos à estrada em direcção a Mirissa.
Antes de fazermos as visitas aos projectos de habitação pós-tsunami, fui espreitar um pequeno hotel, estilo colonial, muito bonito e simpático. Estava eu a fazer a figurinha da turista a fotografar desalmadamente quando um grito, ou um rugido, de um macaco me paralisou. Iria jurar que ele estava a dois metros de mim, mas perante a passividade total do senhor que amavelmente me guiava, perguntei em tom de confirmação «monkey?», ele confirmou com o mesmo ar com que teria dito living room e apontou para uma árvore ali ao lado. Ok, pensei eu, ele não está aqui, está ali… muito melhor!
E lá fomos nós visitar projectos.
Começamos por ver a Turkish Village, um projecto gigante de 200 casas, com uma tipologia interessante mas com a já habitual falha: a inexistência de chaminé. Estas comunidades ainda cozinham com fogo, logo a chaminé é de facto fundamental. Como consequência temos a sistemática construção de anexos improvisados e muitíssimo precários junto às casas.
Este também foi o dia em que visitamos, em Weligama, o projecto financiado por um empresa internacional de seu nome Loadstar, que desconheço. Foi o projecto que mais impressionou pela evidência da quantidade de dinheiro ali investido, não na construção das casas mas nos arranjos exteriores e espaços público. As 98 casas distribuem-se pelo terreno, relativamente acidentado, obrigando à construção de muitos muros de suporte. Mas o impressionante é que estes muros têm grande qualidade e são complementados com valas de drenagem de águas pluviais. O corolário desta intervenção é a construção de um templo, no cimo do monte, junto à aldeia. Foi necessário escavar o monte para fazer o acesso ao templo, construir a respectiva estrada e obviamente o templo propriamente dito.
A população está muito satisfeita o que é raro.
A partir das 6 da tarde é noite, pelo o que cerca das 5.30h começamos à procura de um sítio para ficar. Desta vez, isso não ia ser um problema porque tinha uma recomendação da minha amiga Sandra para ficar num sítio fantástico em Mirissa bay.
Bom confesso que foi durante esta noite que pensei que sou um bluff, que afinal não sou aventureira e que tenho medo… mas mais do que medo, tenho nojo… e que as duas coisas juntas resultam numa noite infernal.
Para fazer o enquadramento, tenho que explicar que o hotel era constituído por uns bungalows (note-se que isto não significa um belo sítio) em cima da praia e que para além de mim, havia um casal de ingleses. Portanto, não só estava praticamente sozinha como o meu quarto tinha acesso directo pelo exterior. Este, obviamente mau, tinha uma particularidade que tornou a minha noite num pesadelo: por cima da cama tinha um interruptor, onde dizia emergency bell. Ora bem, que tipo de emergência estamos a falar? Vêm aí um tsunami? Há ladrões? Os Tigres Tamil estão a atacar? E se alguma destas ameaças fosse verdadeira, era de facto uma campainha que me ia salvar?
Para além da segurança, o pormenor da limpeza… digo só que dormi vestida e que tinha nojo de tocar na rede mosquiteira. Isto pôs-me num dilema, o que é pior a malária ou imundice? Ganhou o medo da malária e lá dormi por baixo daquela coisa.
Como sempre a manhã apazigua o espírito e mais calma, mas mal dormida, passeei na praia e jurei que nunca mais ficava num sítio assim, recomendado ou não.

1 comentário:

Anónimo disse...

maria, nem sei por onde começar... tu falaste em medo. MEDO! Mas deixa-me dizer-te, e tendo em conta apenas a tua descrição dos factos, o que tu sentiste não foi medo, foi qq coisa parecida, tipo receio, ansiedade...Medo não. Garanto!
- "Monkey????", perguntas tu...
Amiga, pequeno enquadramento de quem tem medo- quando ouves um rugido do género descrito - saltas de imediato e pavlovianamente para o colo do humano mais próximo, claro que o salto é devidamente acompanhado de um rugido ainda mais assustador que o do bicho,que nesse momento,foge aterrado. Isso é medo!
posso garantir-te!

ok, dir-me-às, isso não é medo, é histeria...enfim, como queiras, mas garanto-te que só fui histérica pq tive medo.

quanto ao nojo e restantes possibilidades, tu conheces-me...queres mesmo falar sobre isso?!
Bjs grandes para ti.
És a maior!