quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Quanto à situação do país… sistematicamente, durante a minha visita, fui confrontada com a questão de qual era a minha impressão sobre o estado do país, em particular Díli. A minha resposta, foi também sistemática: “parece-me bastante igual em relação àquilo que conheci em 2002/03”. Paradoxalmente todos concordaram que esta opinião era um bom sinal, já que o que provavelmente significa é que a normalidade está a regressar depois da grave crise de 2006 e consecutiva instabilidade politica, social e económica. Todos com quem falei, e isto inclui Timorenses e estrangeiros residentes (expatriados, na linguagem ONU ou malai em tétun), são bastante consensuais no relato sobre a evolução do país depois da minha partida em 2003; no ano seguinte terão saído muitos estrangeiros e em 2005 havia uma pequena comunidade malai, todos se conheciam; o governo apesar das dificuldades inerentes ao exercício político, administrativo, económico e social de um país recém-nascido seguia determinado na aplicação das suas estratégias; pelo o que percebi havia um optimismo que se foi desfazendo à medida que tardavam a chegar os benefícios do petróleo a todos aqueles que desde a independência vivem na expectativa de que será essa a garantia de pão para todos.
A ideia com que fiquei é que a crise de 2006 terá sido tão grave, que os 2 anos seguintes terão sido registados pela tentativa de sobrevivência do Estado e das vidas individuais e familiares de cada um. Muitas das pessoas com quem me cruzei, amigos e conhecidos (isto inclui a menina da tropical bakery que não só me reconheceu como se lembrava do meu nome!), na dúvida sobre há quanto tempo eu teria ido embora perguntavam: “foi há dois ou três anos?” foi há 5. Fiquei sempre com a impressão que há dois anos suspensos no tempo na vida daquele país… por tudo isto, é muito bom sinal que eu tenha achado tudo na mesma.
Uma das razões que permitiu que eu encontrasse a cidade bastante igual é o inicio do desmantelamento dos campos de refugiados que ocupam (ou ocupavam) o centro da cidade. Quando cheguei já não havia refugiados nem à frente do Hotel Timor, nem na marginal em frente ao supermercado Lita. Estes campos pela sua localização e dimensão marcaram muitíssimo a situação urbana e social da cidade.
À data da minha partida estavam a começar os trabalhos no campo do aeroporto. Há no entanto ainda milhares de pessoas deslocadas, a viverem há 2 anos em tendas pensadas para durarem 6 meses, em campos de maior ou menor dimensão espalhados por toda a cidade.

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